quinta-feira, 26 de março de 2009

Uma estória fácil de acontecer.


Era gostoso lembrar aquilo, por isso ela vivia em eterno estado de relembrança. Aconteceu numa segunda-feira que brilhava forte. Ela pressentiu que não seria um dia comum, e realmente não foi. Ele puxou assunto, conversaram, riram. E ali nascia uma estória fácil de acontecer, mas difícil de se concretizar.

Sim, a timidez e o medo de rejeição construíram um muro entre a realidade e o sonho. A amizade estranha que cresceu imediatamente, no entanto, aproximou-os de forma imprevisível. Ele trazia paz para ela. Ela era uma grande incógnita pra ele, que mesmo tendo paixão por números, não conseguia desvendá-la. Quando juntos, discordavam bastante. Ah, Deus, eles discutiam tanto que era impossível não perceber o quanto se gostavam! Depois, cansados de brigas, concordavam em um gesto de carinho. E o tempo parava para um abraço daqueles cheios de palavras não ditas, cheio de segurança, cheio do amor que eles nem sequer sabiam que existia.

Como passaram tanto tempo sem se conhecer? Bom, não sabiam, mas enquanto o tempo não os traísse, aproveitariam o quanto pudessem. E brincavam brigando. Brigavam brincando. Engraçado que se gostassem tanto, em tão pouco tempo, sendo tão diferentes. Sim, porque nisso há unanimidade: um era quase o avesso do outro. Ele era seguro, despreocupado, tinha muitas histórias pra contar, era irredutível em alguns casos. Ela era insegura, preocupada demais com um mundo nas costas, poupada de grandes aventuras, aberta aos diálogos, dificilmente aceitava respostas prontas. Mas sempre se entendiam com um sorriso silencioso e sem jeito.

Ela o achava irritante. Ele a achava estranha. Depois, o tempo os traiu e houve uma despedida. Uma despedida com cara de um 'até logo' de vizinhos. E eles não se viram mais. Ah, se ela soubesse que ele, de longe, preocupava-se demais com a garota estranha! Se ele soubesse que ela sonhou com o garoto irritante, e que pensava nele e sorria quando fechava os olhos pra dormir!



Palloma Soares.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Outono





Eu acertei na vida
desde o dia que te amei.
Hoje,
minha vida é um borrão,
rabiscado,
sem uma borracha pra apagar o que foi escrito.
Tenho manchas tatuadas em meus sonhos.

Errei desde o dia
que meus braços deixaram de entrelaçar os teus,
e deixar você sair por aquela porta levando contigo um pedaço meu.
Foi doído

Erro,
no momento que te prendo aos meus pensamentos.
Ainda lembro do último sorriso da morena.
É doído.

Caminhando em círculos sem destino algum.
Talvez encontre a sombra de um cajueiro,
onde eu posso me deitar,
dialogar com o tempo...
sentir meu sonhos.



-
Lusca Fusca-

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